Fliperamas: Relembre o começo, meio e fim de uma era nostálgica!

Fliperamas

Muito antes da distribuição digital e de termos o mundo dos games nas palmas de nossas mãos, os fliperamas reinavam soberanos. Essas máquinas fabulosas, agora admiradas por colecionadores e saudosistas, eram o ápice da tecnologia na indústria dos videogames. Para jogar, era necessário visitar estabelecimentos dedicados, que muitas vezes eram considerados perigosos, mas que abrigavam os gabinetes enormes que encantavam os jogadores.

Essa é uma parte da história dos videogames que as gerações mais novas nunca experimentarão da mesma forma. No entanto, graças à memória daqueles que vivenciaram essa era, podemos relembrá-la com uma mistura de paixão, humor e perplexidade. Prepare-se para uma viagem no tempo e descubra como os fliperamas moldaram a cultura dos games.

Fliperamas
Créditos: Reprodução

Um passeio pela história

Para quem nasceu após os anos 2000, lidar com jogos repletos de microtransações pode parecer comum. Mas nos fliperamas, cada partida tinha um custo. Imagine ter apenas algumas vidas e, após perdê-las, precisar gastar mais dinheiro para continuar jogando. Esse era o conceito dos fliperamas, onde o jogador pagava por cada jogada, adicionando uma moeda ou ficha.

As primeiras máquinas de fliperama remontam ao início do século XX. Em 1910, Joseph Fourestier Simpson criou o Skee Ball, onde o jogador rolava uma bola por uma rampa para encaixá-la em compartimentos de pontuação. Apesar de não se parecer com os jogos eletrônicos de hoje, fazia parte dos “Redemption Games”, que recompensavam a habilidade do jogador.

Foi em 1931 que surgiram as primeiras máquinas operadas por moedas, como a Baffle Ball, precursora das máquinas de pinball. Com a Crise de 1929, esses jogos se tornaram uma forma barata de entretenimento, mas o governo viu neles uma espécie de jogo de azar, proibindo-os em vários estados. A solução foi adicionar os famosos flippers em 1947, alegando que as partidas dependiam mais da habilidade do que da sorte.

A Era de Ouro dos Fliperamas

A perseguição aos pinballs durou décadas, mas em 1971, a Universidade de Stanford recebeu a primeira máquina do jogo Galaxy Game, que custava 10 centavos por partida. Em 1972, a Atari lançou Pong, o primeiro grande sucesso comercial dos fliperamas nos Estados Unidos, vendendo mais de 35 mil unidades.

Os jogos digitais ganharam força novamente em 1978, com o lançamento de Space Invaders. Esse período marcou a Era de Ouro dos fliperamas, com máquinas adotando microprocessadores. Jogos icônicos como Pac-Man, Missile Command e Donkey Kong se popularizaram, sendo que Pac-Man se tornou um dos mais bem-sucedidos, vendendo mais de 400 mil gabinetes até 1982.

Contudo, em 1983, o mercado de fliperamas entrou em declínio devido à saturação de títulos de baixa qualidade e o medo de como esses estabelecimentos poderiam influenciar os jovens. Somado ao Crash dos Videogames, a indústria retraiu, encerrando o período dourado dos fliperamas.

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O Renascimento e a Queda Final

O renascimento dos fliperamas ocorreu em 1986 com a chegada dos jogos Beat ‘em ups. Nos anos 90, os jogos de luta como Street Fighter II e Mortal Kombat revitalizaram o interesse pelos fliperamas. Contudo, com a evolução dos consoles e computadores, que passaram a oferecer experiências similares ou superiores, os fliperamas começaram a perder relevância.

Até 1996, os fliperamas eram o principal setor da indústria de games, mas em 1997, os consoles se tornaram mais lucrativos. Nos anos 2000, os fliperamas passaram a focar em um nicho, sendo relegados a restaurantes e shoppings.

O Declínio no Japão

Na Ásia, especialmente no Japão, os fliperamas permaneceram populares até o final dos anos 2010. Esses estabelecimentos eram pontos de encontro para jogadores competitivos. No entanto, a pandemia de COVID-19 em 2020 acelerou o declínio. O distanciamento social e o cancelamento de campeonatos afetaram severamente o setor, resultando no fechamento de muitas lojas.

Mesmo grandes lojas como os Club Sega em Akihabara, Tóquio, fecharam suas portas. Em 2022, a Sega vendeu suas ações restantes no ramo de arcades, encerrando 56 anos de atuação. De 22 mil fliperamas em 1989, o Japão passou a ter apenas cerca de 4 mil em 2019.

“A coisa mais triste sobre os fliperamas fecharem é que, uma vez que eles desaparecerem, desapareceram,” lamentou o streamer Andrew Fidelis. “Novos fliperamas e novas comunidades não estão sendo abertas. Poderá chegar um dia num futuro próximo em que os jogos de luta em fliperamas simplesmente não existirão mais.”

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Os fliperamas foram fundamentais para o desenvolvimento da indústria de videogames e deixaram um legado nostálgico para os amantes dos jogos. Embora estejam em declínio, a história e a paixão por essas máquinas continuam vivas na memória de quem as viveu. Relembrar essa era é celebrar uma parte importante da cultura dos games, que moldou gerações de jogadores e desenvolvedores.

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Miguel Marzochi

Formado em Educação Física e posteriormente atuando como redator e editor, consegui unir meus dois interesses: movimento humano e entretenimento. Após anos de experiência em saúde, tecnologia, cinema e música, encontrei minha vocação no Cine Vibes, provando que é possível criar uma trajetória profissional que reflita todas as suas paixões.
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Formado em Educação Física e posteriormente atuando como redator e editor, consegui unir meus dois interesses: movimento humano e entretenimento. Após anos de experiência em saúde, tecnologia, cinema e música, encontrei minha vocação no Cine Vibes, provando que é possível criar uma trajetória profissional que reflita todas as suas paixões.