Nesta última sexta-feira, 18 de outubro, a Amazon Prime Video lançou o aguardado filme Maníaco do Parque, uma produção que revisita um dos casos mais brutais da história criminal brasileira. Baseado nos crimes cometidos por Francisco de Assis Pereira, o motoboy que aterrorizou São Paulo nos anos 1990, o filme já gerou polêmica ao misturar fatos reais com elementos ficcionais para criar uma trama envolvente. Mas o que exatamente foi alterado e por que essas mudanças foram feitas?
O público vai se deparar com um drama intenso que não apenas retrata os crimes, mas também busca dar uma nova perspectiva, focando nas vítimas e nas dificuldades enfrentadas pelas mulheres naquela época. Com uma abordagem ousada, o filme adiciona personagens fictícios e decisões narrativas que têm como objetivo proporcionar uma reflexão mais profunda sobre os eventos, enquanto respeita as famílias das vítimas e o impacto desses crimes.
Maníaco do Parque faz grandes mudanças na história real
Maníaco do Parque, dirigido por Mauricio Eça (conhecido por A Menina que Matou os Pais), traz uma visão única dos eventos reais que chocaram o Brasil. Francisco de Assis Pereira, o verdadeiro criminoso, foi condenado por ter atacado 23 mulheres e assassinado 10 delas no Parque do Estado, em São Paulo. O filme reconstrói parte dessa história, mostrando como ele atraía suas vítimas e a posterior investigação que levou à sua captura.
No entanto, uma das grandes mudanças feitas no filme é a inclusão da personagem Elena Pellegrino, uma jornalista que nunca existiu na vida real. Interpretada por Giovanna Grigio, Elena se junta à sua irmã, a psicóloga Martha (vivida por Mel Lisboa), para tentar desvendar o mistério dos crimes e dar voz às vítimas. Essa adição foi uma escolha narrativa importante para o roteiro, que decidiu focar mais no ponto de vista feminino, algo que nem sempre era ouvido ou respeitado nos anos 1990.
Mudanças no filme buscam dar mais voz às vítimas
A criação de Elena e Martha não foi feita apenas para preencher uma lacuna no enredo, mas para representar as dificuldades que muitas mulheres enfrentaram ao tentar denunciar esses crimes. Em uma entrevista ao G1, o ator Silvero Pereira, que interpreta Francisco no longa, explicou que havia uma imensa dificuldade em dar espaço para as vozes das mulheres na época. Assim, a inclusão dessas personagens fictícias visa dar ao público uma compreensão mais profunda de como era a sociedade e o tratamento dado às vítimas.
A trama consegue equilibrar o lado investigativo e emocional, permitindo uma análise crítica sobre o papel da mídia e das autoridades na cobertura desses eventos. Além disso, a escolha de agrupar diferentes funções em um único personagem contribui para uma melhor compreensão do contexto em que os crimes ocorreram, especialmente do ponto de vista de Elena, que se torna uma protagonista com peso na trama.
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O misto de ficção e realidade em Maníaco do Parque
Embora muitos dos eventos mostrados no filme sejam baseados na realidade, há uma clara mistura entre o que é fato e o que é ficção. Durante a entrevista, Silvero Pereira explicou que essa escolha vai além da simples inclusão de personagens como Elena. Ele afirma que o próprio retrato midiático do Maníaco do Parque é uma mistura do que a sociedade imagina sobre o serial killer e o que realmente se sabe sobre ele.
Segundo Silvero, sabemos o que aconteceu com base nos relatos dos processos judiciais e na cobertura da mídia da época, mas a intimidade e as motivações de Francisco são questões que ficam mais no imaginário popular. No filme, o personagem de Francisco de Assis Pereira é construído com três camadas distintas: a do serial killer, a do motoboy disciplinado conhecido na comunidade, e a de Chico Estrela, um patinador admirado por suas habilidades. Essa complexidade ajuda a criar uma figura que é ao mesmo tempo enigmática e aterrorizante, reforçando o impacto de seus atos brutais.
Amazon Prime Video traz um filme que promete dividir opiniões
A produção de Maníaco do Parque certamente não é para os fracos de coração. O filme mergulha nas profundezas dos crimes cometidos por Francisco e mostra de forma crua e perturbadora os horrores enfrentados por suas vítimas. A decisão de adicionar personagens fictícios e alterar alguns fatos reais foi um movimento arriscado, mas necessário para criar uma narrativa que não glorifique os atos do assassino, mas sim os condene e humanize as vítimas.
Além de contar uma história envolvente, o filme levanta importantes reflexões sobre o papel da mulher na sociedade, especialmente em um contexto em que muitas delas enfrentavam descrédito ao tentar denunciar crimes de violência. A partir de agora, os assinantes da Amazon Prime Video poderão assistir a esse longa e tirar suas próprias conclusões sobre essa versão fictícia de um dos casos mais chocantes da história criminal brasileira.